Alberto Oculista: um sonho com visão
A confiança dos clientes é o espelho do sucesso deste grupo ótico nascido numa pequena loja, no centro do Funchal.
Da Madeira para o resto do país, o empreendimento de José Alberto Caires, aposta hoje, na companhia dos seus filho e genro, em outras áreas de negócio.
Foi há 35 anos que José Alberto Caires trocou o trabalho por conta de outrem pelo negócio próprio. Uma loja modesta no centro do Funchal, cidade onde nasceu, marcou o arranque desta aventura. Hoje, o profissional de ótica lidera, com o filho e o genro, o Grupo Alberto Oculista, que emprega mais de quatro centenas de funcionários, em quase 70 lojas por todo o país. Ética, transparência, qualidade, compromisso e inovação são apenas alguns dos ingredientes para esta receita de sucesso, que conquistou a confiança dos clientes e garante uma taxa de fidelização na ordem dos 90 por cento.
A transição de negócio familiar para uma estrutura profissional e a crise económica foram mais do que obstáculos, desafios para o grupo, que agora estende a atividade a outros ramos, como a alimentação natural e o imobiliário.
Miguel Caires, o filho de José Alberto Caires, conta-nos mais desta história de sucesso!
Como surgiu a ideia de abrir este negócio?
A marca Alberto Oculista surge em 1984, pela mão do Sr. Alberto Caires, meu pai. À data trabalhador por conta de outrem, decidiu dar o passo rumo ao empreendedorismo, pois tinha a confiança de que o bom trabalho desenvolvido até então seria exequível também num projeto próprio. E assim foi, arrancou há 35 anos. Começou desde logo a ver resultados do seu trabalho, abriu uma segunda loja também no Funchal e 20 anos depois deparou-se com uma rede de 10 lojas em toda a ilha da Madeira, rede que possibilitou liderar o mercado da ótica na região autónoma.
A vossa empresa teve origem na Madeira. Ao longo dos anos, expandiram para os Açores e depois para o Continente. Como se deu este processo?
Correto. Algures em 2004 começou-se a trabalhar para dotar da empresa Alberto Oculista, Lda de estruturas e processos de gestão cada vez mais adequados a uma gestão profissional. Com uma rede já com alguma dimensão e com cerca de 60 pessoas na equipa, foi importante assegurar que tal acontecia. Ao mesmo tempo, o mundo mudava. Víamos um mundo cada vez mais próximo, mais aberto, sem fronteiras. Esta realidade levou-nos a pensar muito na ideia de que a Ilha da Madeira tinha deixado de ser um mercado para os madeirenses, à semelhança de tantos outros mercados, por via de um fenómeno de globalização cada vez mais vincado. Assim, debatemo-nos com uma problemática: o que fazer?
Continuamos no nosso mercado, na ilha, “confortáveis” no meio que melhor conhecemos e logo veremos o que se passará ou antecipamo-nos, proagimos, rumo ao desconhecido, ao incerto? Depois de muita indecisão, surge a possibilidade de entrarmos na região do Algarve, através da aquisição de uma rede de 10 lojas. Avançámos com o negócio, assinámos o contrato de aquisição dessa rede cerca de 15 dias antes de o Fundo Monetário Internacional intervir na assistência financeira ao nosso país. E foi assim que começou a nossa aventura além Ilha da Madeira.
Qual o balanço fazem destes 35 anos?
É, naturalmente, um balanço positivo. Apesar de termos tido períodos muito duros, principalmente nos primeiros quatro anos de gestão da nossa rede do Algarve, que coincidiu com a maior crise económico-financeira conhecida, até à escala mundial, nunca baixámos os braços, lutámos arduamente pelo nosso espaço, focámo-nos nos nossos clientes e em formas de irmos ao encontro da sua satisfação. Acreditámos sempre que, caso fizéssemos bem o nosso trabalho, a confiança dos nossos clientes seria uma realidade, iríamos conseguir ultrapassar todos os obstáculos (e foram muitos).
Quantas lojas têm no total?
Estamos neste momento a caminho das 70 lojas. A marca Alberto Oculista opera nos arquipélagos da Madeira e Açores, Algarve (hoje com 16 lojas), a Grande Lisboa (24 lojas nesta área de influência), Coimbra, Figueira da Foz, Castelo Branco, Viseu, Torres Novas, Santarém, Abrantes, entre outras.
Acreditam que o serviço é o que vos diferencia?
Claramente. Temos conseguido conquistar a confiança dos nossos clientes pela nossa forma de estar. Para nós é fundamental estabelecer relações de longa duração com os nossos clientes. A nossa taxa de fidelização é esmagadora (cerca de 90%) e isso faz com que qualquer empresa se torne muito forte. É por aqui que queremos continuar, apostar cada vez mais na proximidade para com os nossos clientes e fazer com que sintam que a Alberto Oculista faz parte das suas vidas.
E reveem-se na ideia de que uma visita às vossas lojas seja “o concretizar de uma experiência” que faça parte da vida das pessoas?
Precisamente. Fazemos questão de que assim seja. Em média, um utilizador de óculos graduados faz uma compra de dois em dois anos. Ora, o nosso objetivo é contrariar a estatística de que só falamos com os nossos clientes uma vez em cada dois anos. É o caminho mais difícil, bem sabemos, mas acreditamos que será o melhor a longo prazo.
Qual o maior desafio que encontraram neste vosso percurso?
Muitos foram os obstáculos neste nosso trajeto. Como disse anteriormente, os primeiros anos da nossa entrada no Algarve foram muito duros. Levaram-nos a conhecer dificuldades que não sabíamos que poderiam existir, a procurar forças que nem sabíamos que tínhamos. Creio que esse intervalo de tempo terá sido o mais duro em toda a história da empresa.
No entanto, há um outro que se tem vindo a revelar. Não sendo um obstáculo tão impactante no dia a dia, como foi o inicio da aventura em terras algarvias, creio que se tornou o maior desafio do nosso grupo empresarial: refiro-me à reestruturação profunda que teve de se implementar em toda a esfera da nossa organização, por forma a ser possível passarmos de uma estrutura familiar para uma organização profissional, embora com capitais estritamente familiares.
O crescimento assinalável num intervalo de tempo relativamente reduzido, a aposta na diversificação através da entrada do grupo em novas áreas de atividade, o grande aumento da equipa (hoje o grupo conta com cerca de 420 colaboradores) só foi possível devido ao enorme trabalho efetuado a um nível alicerçal.
Têm uma preocupação com a responsabilidade social. Que ações desenvolvem neste sentido?
Fazemos algumas coisas. A maioria delas nem são tornadas públicas. Como exemplo, já financiámos há alguns anos um transplante de córnea a uma mulher com 45 anos e dois filhos. Com esta cirurgia, voltou a ter uma visão que lhe permite hoje ter uma qualidade de vida muito similar à de todos nós.
Todos os anos temos ações a decorrer. Por exemplo, atualmente temos uma campanha em toda a rede de lojas, em que através da venda do produto de spray de limpeza de lentes oftálmicas angariamos esse montante (5€ cada unidade) para a concretização do sonho de um grupo de dez crianças com doenças crónicas: fazerem uma viagem até à Disney, em 2020. Esta campanha resulta de uma parceria com a organização sem fins lucrativos “Terra dos Sonhos”. É impressionante o quanto este mundo pode mudar se nos juntarmos e dermos as mãos…
Qual a vossa estratégia de comunicação? Passa pela associação a uma embaixadora?
A nossa estratégia de comunicação resulta da forma como queremos estar no mercado. Se queremos proximidade, se queremos fazer parte da vida das pessoas então há que comunicar junto delas. É muito importante que consigamos fazer chegar às pessoas uma mensagem sobre aquilo que fazemos e como o fazemos. A marca Alberto Oculista, também a esse nível, é uma lutadora, pois nasce numa ilha e faz um percurso orgânico, entra no continente português como uma perfeita desconhecida. A única forma de se dar a conhecer é através do seu trabalho, da sua competência em ajustar o seu serviço às expetativas dos consumidores.
Com o trabalho que temos vindo a desenvolver nos últimos anos, focados no objetivo de ganhos de escala, tem sido possível introduzir uma série de investimentos no nosso plano de comunicação que visa fazer o que antes era, de todo, impossível: comunicar nos mass media, nos grandes canais a nível nacional. Para este ano de 2019, apresentámos uma surpresa ao país: convidámos a atriz Juliana Paes a participar do nosso projeto, convite prontamente aceite após darmos a conhecer a empresa e a sua história. A Juliana Paes identificou-se muito com a nossa história e ficou muito contente com este projeto.
Escusado será dizer que nós também ficámos muito satisfeitos por ter “embarcado” neste desafio que lhe lançámos. Há duas pessoas que ficarão para sempre na nossa memória e pelas quais teremos sempre um sentimento de enorme gratidão: Juliana Paes e o nosso querido selecionador nacional de futebol, Fernando Santos. Foi a cara de uma das nossas primeiras campanhas difundidas a nível nacional, projeto esse que não poderia ter dado melhores resultados ao país, pois um mês após a campanha ter ido para a rua, o mister Fernando Santos levou Portugal a sagrar-se campeão europeu (risos!). Caso para dizer que tinha a visão afinada!
A que se deve a expansão para a área da alimentação natural?
Deve-se à estratégia de diversificação do nosso grupo. Da mesma forma que achámos que seria importante fazer sair da Madeira o negócio da família, há cerca de três/quatro anos considerámos que seria muito importante entrarmos em novas áreas. Hoje o grupo tem seis áreas de atividade, entre as quais três são estratégicas: óptica, imobiliário e alimentação saudável.
Quais os projectos que têm para o futuro?
Os projetos que temos vão no sentido de aprofundar e consolidar o plano de diversificação. Continuamos a investir na área core, a ótica, mas também estamos muito concentrados em solidificar os nossos investimentos no imobiliário. E, mais recentemente, com a aquisição da marca “Bioforma”, trabalharemos para acrescentar valor à empresa que hoje tem 11 lojas na Madeira e duas nos Açores.