MAVC Studio
Com vários prémios internacionais, o azulejo tridimensional tem chegado a vários países através do MAVC Studio.
O percurso de Maria Ana Vasco Costa teve tanto de inovador como de simplicidade. Focando-se mais no azulejo de relevo e em trabalhos com relevo feitos em pedra, decidiu explorar essa variante do azulejo. Usufruindo da tridimensionalidade, passou a manusear os padrões com reflexos e sombras, em vez de tinta e papel. Deu azo à sua imaginação e começou a criar sem saber o resultado final.

Maria Ana Vasco Costa ainda tem muitos projetos para o futuro. É com convicção que diz: «Ambiciono novos desafios, poder continuar a fazer obras que destaquem a materialidade cerâmica e do azulejo com novas geometrias e padrões, poder explorar formas e esculturas dentro da linha de pensamento que tenho percorrido ate agora participando em exposições no contexto das artes visuais e não apenas vendo a cerâmica como um craft.»
Ao criar dinâmicas diferentes nas fachadas, o azulejo tridimensional está a transformar os espaços em que se insere.

O MAVC Studio, apesar de relativamente recente, está a suscitar muita atenção e curiosidade, crescendo a um ritmo acelerado. O seu trabalho desenvolve intervenções a partir da tradição das artes decorativas aplicadas à arquitetura. Apostando na investigação e pesquisa, também envereda pela área da escultura, desenvolvendo projetos com fábricas, sobretudo em Alcobaça.

O trabalho criativo não tem fim e é no atelier que tudo acontece. A inovação resulta das ideias que vai tendo e, embora as peças sejam produzidas à distância, os protótipos são desenvolvidos no atelier, baseando-se em peças trabalhadas de forma exclusiva. É possível acompanhar as várias fases de produção, devido ao forno que se encontra no mesmo espaço.
Maria Ana Vasco Costa não despreza as técnicas tradicionais e gosta do trabalho manual, apesar da procura constante em utilizar técnicas mais inovadoras e sustentáveis, utilizando materiais reciclados. É no atelier que desenvolve muito do seu trabalho de projeção e onde ambiciona encontrar abordagens diferentes para criar os seus padrões.

Quando começou a desenvolver projetos relacionados com azulejos, não se identificou com a forma tradicional do quadrado, e decidiu apostar no losango. Foi assim que surgiu a simples mas profunda revolução no seu trabalho com azulejo. Trabalhando em grés e recorrendo ao vidrado mais simples, com o qual se identifica, desenha um puzzle diferente para cada projeto. O facto de o estúdio não ter certificações não é um impedimento pois trabalha com fábricas que têm, o que para determinados mercados é uma mais-valia imprescindível.

A primeira parede que fez com azulejos em losango, um painel no restaurante LOCO do arquiteto João Paulo Aguiar, venceu o prémio Surface Design em 2016. No ano seguinte, já apresentando algumas inovações no azulejo, venceu novamente com uma parede na Ericeira. Em 2018 ganhou com duas fachadas: uma na Madragoa e outra na rua presidente Arriaga.
Atualmente o seu trabalho está espalhado por vários países, desde França, Reino Unido, Itália, e Brasil, e a sua obra está exposta tanto em coleções públicas como privadas. Também participou em exposições na China e nos Estados Unidos da América. Para além do conceito inovador que os seus produtos apresentam, ao explorar o azulejo tridimensional, houve outra evolução curiosa: a forma como o seu trabalho chegou aos vários países foi através de contactos nas redes sociais da artista, não contando com representantes lá fora.

Já tem vários projetos espalhados por Lisboa e ambiciona trabalhar no Porto e continuar a transformar as paisagens das cidades portuguesas. Sente-se uma espécie de embaixadora portuguesa quando trabalha no estrangeiro e por isso continua a querer marcar presença no mercado europeu. Ao invés das feiras internacionais de materiais, decidiu dedicar-se a feiras mais exclusivas com galerias e artistas, em Bruxelas.
O público-alvo da MAVC Studio passa essencialmente pelas pessoas interessadas em arte, com destaque para os arquitetos, que são um elo de ligação muito importante com os clientes finais, e ainda os designers de interiores. São pessoas que valorizam o empenho, esforço e dedicação que este trabalho exige, sempre focado no cliente. São fiéis à tradição do azulejo e da cerâmica mas aspiram encontrar algo mais inovador e exclusivo. Encaram o trabalho como uma nova interpretação do azulejo, onde os azulejos tridimensionais assumem um papel fundamental – a imagem de marca do estúdio.

Maria Ana Vasco Costa destaca-se pela forma como cria novos padrões e, através de cada projeto, vai evoluindo no seu trabalho pessoal de estudar o padrão e a geometria.
No que diz respeito aos clientes empresariais, o foco é nos hotéis, como o Vila Lara, no Algarve, e o Marriott, em Óbidos. Mas também apostou noutras áreas, como é o caso do restaurante LOCO, em Lisboa. As fachadas de edifícios espalhadas por Lisboa estão a dar uma nova vida às ruas portuguesas.

Percurso
Maria Ana Vasco Costa nasceu em 1981 na cidade lisboeta e após terminar um curso de arquitetura em 2004 foi viver para Londres durante quatro anos. Anos mais tarde completa o curso de cerâmica de autor do Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, onde é atualmente a responsável pelo departamento de Cerâmica.
Enquanto tirava o curso de cerâmica trabalhou a ideia de estabelecer um estúdio, que andasse à volta do seu trabalho artístico e do desenvolvimento de padrão e azulejo. Destacou-se pelo desenvolvimento de azulejo tridimensional, ao encontrar um equilíbrio entre a tradição portuguesa e a inovação.
Em 2016 deu os primeiros passos para se estabelecer, ao arranjar um atelier fixo para desenvolver projetos enquanto era trabalhadora independente. Três anos depois, surge a empresa MAVC Studio – onde dirige o trabalho, como se fosse uma orquestra, tendo pessoas em sítios diferentes a trabalhar em diferentes peças.
Ao longo deste trajeto, Maria Ana Vasco Costa foi estabelecendo a cerâmica como o centro incontornável do seu trabalho, tendo sempre em atenção como as suas obras se inserem no espaço em redor. Com bases assentes na arquitetura, grande parte das suas criações estão diretamente ligadas a esse campo, tanto em paredes interiores como em fachadas.
Ainda assim, o seu trabalho não se fecha na arquitetura. Com o passar do tempo, tem vindo a expandir o seu campo de criação para objetos escultóricos e até pinturas, indo sempre beber à fonte da cerâmica.
Exemplos disso são o seu trabalho “Glaze Drawings”, a exposição “Água d’Alto” na Galeria Municipal de Arte, em Almada, e a exposição “Veículo Longo” na Casa-Atelier Vieira da Silva.